Medir resultados de capacitações comportamentais: um desafio encantador!

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Passou-se mais de uma década desde que um grupo de pessoas se sincronizou para tornar uma paixão em comum uma inovação. O desenvolvimento humano sempre nos encantou, e o desenvolvimento organizacional sempre, curiosamente, nos intrigou.

O mundo corporativo, que é um dos grandes responsáveis por atender às necessidades que as sociedades produzem, é, ao mesmo tempo, uma espécie de segundo lar para milhões de pessoas, que passam imersas neste ambiente em grande parte de suas vidas. Comportamentos profissionais e pessoais se misturam e a produtividade precisa, continuamente, encontrar no desenvolvimento humano, por meio dos programas de capacitações, um apoio seguro, para que haja saúde individual e organizacional, concomitantemente.

Vivemos um momento que nos convida a pensar dentro e fora da caixa simultaneamente. As capacitações propostas precisam, cada vez mais, atender integralmente ao indivíduo para que desenvolva as boas competências profissionais necessárias, ao mesmo tempo em que lhe permitem ser um ser humano mais humano com suas famílias e consigo mesmo, expressando-se em cidadãos socialmente ainda mais conscientes. Um contexto intrigante e instigante. Um momento-chave para as organizações que vêm à frente.

Estas primeiras palavras servem de introdução ao que gostaríamos de contar sobre a nossa atuação com relação aos processos de desenvolvimento humano e organizacionais. Sempre estimulados por descobrir as formas mais adequadas de conjugar o desenvolvimento humano ao organizacional, desenvolvemos uma tecnologia comportamental para nos orientar em nosso próprio desenvolvimento e na criação de todas as soluções que propomos, vídeos que gravamos e textos que escrevemos. A metodologia da TCM, Tecnologia Comportamental Metassistêmica, foi desenvolvida pela Nortus – Instituição de Desenvolvimento Humano Global e Organizacional a partir de estudos, soluções corporativas aplicadas, resultados evidenciados, atualização contínua, melhoria e autoaplicação.

Cada organização precisa definir uma estrutura tática que vai lhe orientar em todas as suas ações. Esta estrutura tática precisa expressar elementos-chave que precisam sempre ser considerados diante de qualquer ação. É preciso definir o porto seguro dentro das nossas organizações. E não pode ser uma pessoa; precisa ser algo que pode ser perenizado, conhecido e compreendido por todos. Algo que poderá ser usado por todos para parametrizar suas ações.

A nossa tecnologia é a nossa estrutura tática comportamental. É uma tecnologia estruturada em consideração à forma como o ser humano se desenvolve em seus aspectos biopsicossociais. Todo o conteúdo que propomos, imagens, dinâmicas, vídeos que usamos e a nossa forma de transmitir informações e cocriar novos conhecimentos são orientados por esta tecnologia. Seus pontos-chave são: 1) gerar o ensino-aprendizado customizado a partir de onde o profissional está, em seu modelo mental, sobre o tema que está sendo apresentado e cenário envolvido; 2) utilizar exemplos do dia a dia do profissional, gerando um alto nível de customização; 3) organizar as informações de acordo com os domínios operacionais de conhecer, entender e compreender para que o fazer seja o mais adequado; 4) utilizar linguagem que evoque as memórias adequadas; inclui perspectivas diferentes; coconstrói novos conhecimentos; gera visão sistêmica; cria priming (conjunto de elementos geradores de memória para aprendizagem); 5) ter acompanhamento individualizado no decorrer do processo de ensino-aprendizagem; 6) ter parâmetros para indicar a movimentação do desempenho de cada gestor, e 7) dar acesso às pessoas a informações sobre a sua trajetória individual de aprendizado.

Segundo o Dr. Don Beck, estudioso dos sistemas de valores da humanidade, as condições vividas pelos indivíduos no decorrer de suas vidas lhes proporcionam uma movimentação interna com relação aos aspectos que têm importância para si e, por isso, são valorizados. As condições de vida se modificam, e o sistema daquilo que as pessoas valorizam recebe estímulos para se modificar também. Ao se modificarem, as pessoas também são capazes modificar o ambiente, que lhes apresentará outras condições de vida a seguir.

A partir desta perspectiva, surge a pergunta: As estruturas organizacionais podem ser condição saudável para o desenvolvimento do ser humano biopsicossocial ao mesmo tempo em que realiza a sua missão econômica, financeira e social, e serve como condição para o desenvolvimento saudável de famílias, comunidades, sociedades e planeta?

A partir desta reflexão, começamos a estudar mais detalhadamente como as estruturas empresariais influenciam diretamente os comportamentos, o bem-estar das pessoas e, por consequência, a produtividade. Orientados por estudos sobre neurociências, complexidade, biologia cultural, psicologia social, física, química, biologia, comunicação, sistemas corporativos, entre outros, fomos nos transformando no Multiverso Nortus, que possui quatro universos: o Estrutural, Social, Negócios e Científico.

Deste movimento nos últimos anos, começamos a medir os resultados das soluções que propomos. Queríamos medir se o que fazemos realmente entrega os resultados que as organizações que nos procuram precisam. O que fizemos? Por meio do nosso Universo Científico, criamos instrumentos de levantamento de dados customizados para as soluções que nossos clientes solicitam e para as formações que já disponibilizamos. Atualmente, somos auxiliados pela Bureau Pesquisas, que nos ajuda a olhar cientificamente para a forma como os dados são coletados, processados e lidos, nos permitindo aprimorar continuamente as soluções que propomos e que têm como base a tecnologia comportamental TCM. Com as descobertas que fizemos e fazemos, ajustamos continuamente as soluções propostas para garantir uma alfaiataria de qualidade para quem se sincroniza com a abordagem da Nortus.

Encontre formas de medir se o que sua organização está fazendo realmente está atendendo às necessidades da sociedade. Assim, também conseguirá verificar se sua organização tem o DNA da boa perenidade.

Como um exemplo do acompanhamento que fazemos para as soluções que propomos, gostaria de apresentar alguns dados coletados por meio das turmas da FGC, Formação em Gestão Contemporânea, nos anos de 2019 e 2020. É um recorte singelo, diante do contexto das mais de 40 turmas, que já nos trouxe reflexões de melhoria e, também, nos deu dados sobre o impacto que a nossa Tecnologia Comportamental Metassistêmica gera. O conteúdo, a partir daqui, fica um pouco mais técnico; o objetivo destas reflexões é poder trazer insights de aplicação também na sua organização.

O curso de Formação em Gestão Contemporânea 2019/2020 foi ministrado em módulos que abordaram conteúdos relacionados ao desenvolvimento de capacidades de gestão. Para a coleta destes dados, foi utilizada a metodologia de feedback 360º, que prevê o preenchimento de um questionário antes e depois do curso para a verificação dos comportamentos observáveis dos gestores participantes e, com isso, poder analisar as mudanças ocorridas após a formação. Nesta metodologia, os participantes respondem a uma autoavaliação e convidam pares, líderes e liderados para responderem algumas questões relacionadas a alguns comportamentos de gestão.

No caso das turmas de 2019 e 2020, as questões foram relacionadas a oito módulos do curso: Visão Sistêmica; Autoliderança; Pensamento Estratégico; Concretização Exata; Melhoria de Resultados; Estruturação de Equipe; Desenvolvimento de Pessoas e Implementação de Mudanças. O questionário foi estruturado contendo 40 questões com uma escala ordinal: Nunca, Às vezes, Não sei dizer, Quase sempre e Sempre. Para o tratamento das questões, realizou-se a ponderação da escala da seguinte forma: Nunca = 1, Às vezes = 2, Não sei dizer = 3, Quase sempre = 4 e Sempre = 5.

Para análise dos dados, tomou-se como base cinco turmas realizadas entre 2019 e 2020, totalizando 147 participantes. Destes, buscou-se os questionários válidos, isto é, aqueles que tinham o preenchimento inicial e final. No total, a amostra para a análise foi de 110 participantes. Já os convidados variaram, pois não foram necessariamente as mesmas pessoas respondentes entre as duas fases, totalizando, na fase inicial, 790 convidados e, na fase final, 590 convidados.

Nos gráficos a seguir, é possível observar os resultados obtidos na fase inicial e na fase final, ou seja, antes e depois da realização da Formação.

Gráfico 1 – Dados da etapa inicial

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Nortus/Bureau Pesquisas.

Gráfico 2 – Dados da etapa final

                 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Nortus/Bureau Pesquisas.

Com o objetivo de simplificar a visualização da mudança ocorrida nos grupos em relação à Formação, foi criado um índice quantitativo. Esse índice consiste em cálculo composto pela média geral dos participantes nas etapas inicial e final dividida pela média geral do módulo nas etapas inicial e final, resultando em uma diferença entre as variações percentuais (Inicial e Final) representada pela fórmula:
{(média participantes “etapa inicial’) / (média geral módulo “etapa inicial’) X100} – 100= variação percentual
* Essa mesma fórmula foi aplicada com os dados da etapa final.

Assim, tem-se:
Inicial = 7,86% Final = 3,30%
{variação percentual inicial – variação percentual final} = 4,56%

A partir da aplicação desses cálculos, é possível obter a diferença entre as variações percentuais que representam um Índice de Variação Percentual (IVP) de 4,56% de mudança do status inicial para o status final.
Para as cinco turmas analisadas, com relação às respostas dos participantes da Formação, observa-se que os módulos com maior diferença nas médias entre o status inicial e status final foi o Módulo de Melhoria de Resultados (0,48) e, muito próximo, o módulo de Estruturação de Equipes (0,44).

Com relação às respostas dos convidados, observa-se que os módulos que obtiveram maior diferença nas médias entre o status inicial e status final foram o Módulo de Estruturação de Equipes (0,29) e o módulo de Desenvolvimento de Pessoas (0,29). Observa-se, ainda, que tanto as respostas dos participantes da Formação quanto de seus convidados evidenciaram movimentação menor nas médias relacionadas a comportamentos observáveis sobre Visão Sistêmica, ou seja, que as médias iniciais e finais mantiveram-se aproximadas.

Os dados sugerem que, no geral, pelas respostas obtidas no grupo analisado, houve mudanças no comportamento dos gestores após a Formação em Gestão Contemporânea. Verifica-se, nos dados gerais de participantes e seus convidados, uma tendência indicando a coerência de suas respostas, tanto pela perspectiva dos gestores participantes dos módulos quanto pelos convidados. Essa tendência demonstra que, após a Formação, os convidados perceberam mudanças no comportamento dos gestores participantes, mudanças essas também percebidas por eles mesmos.

Observa-se, ainda, que as diferenças nas médias obtidas pelo grupo de gestores em todos os módulos foram maiores em relação às diferenças das médias obtidas pelo grupo de convidados, indicando que o grupo de participantes, por estar diretamente envolvido no curso, possui mais condições de observar os seus próprios ganhos.

Quando analisadas as médias obtidas na etapa inicial e na etapa final, verifica-se que, na etapa inicial, há maior discrepância se comparado os resultados dos participantes em relação aos convidados e em relação à média geral dos módulos. Observou-se que essa discrepância diminuiu na etapa final, ou seja, as médias dos participantes da Formação se aproximaram da média dos convidados e da média geral do módulo, com destaque para os módulos de Pensamento Estratégico, Concretização Exata e Melhoria de Resultados.

Por fim, destaca-se, pela análise dos dados, que a participação na Formação em Gestão Contemporânea proporcionou mudança no comportamento dos participantes em todos os módulos, obtendo um índice de variação percentual de 4,56% entre o status inicial e o status final nas respostas dos participantes. Sobre este índice, por tratar-se de desenvolvimento comportamental, é necessário maior aprofundamento para identificar um parâmetro aceitável. Com a medição que está sendo feita com mais turmas, poderemos ter mais clareza sobre esta informação.

Com este tipo de acompanhamento e medição, podemos nos manter continuamente atentos ao que precisamos melhorar em nossas soluções. No caso da FGC, algumas reflexões foram feitas a partir desta coleta de dados, entre elas:

1) o instrumento utilizado para a medição é o mais adequado?

2) As perguntas do questionário são as mais adequadas?

3) Os comportamentos observáveis que foram eleitos para cada módulo são os mais adequados?

4) O tema de visão sistêmica costuma ser trabalhado dentro das organizações em que dimensões?

5) Quais resultados a FCG entrega que não estão sendo medidos?

6) O quanto a estrutura intelectual dos participantes influenciou – para mais ou para menos – no índice de melhoria obtido?

7) A ordem que acontecem os módulos é a mais adequada?

8) Que melhorias a FGC e seus módulos podem ter a partir dos resultados obtidos?

Para as turmas realizadas a partir de 2020, algumas alterações foram realizadas no questionário, no conteúdo da FGC e na forma de facilitar alguns temas. Alguns módulos mudaram de lugar entre si e a forma de entregar alguns conteúdos foi reelaborada. Em breve, teremos mais dados para serem analisados também pela metodologia do NeuroTrainingLab, que mede metacompetências de liderança. Disponibilizamos, para os dez primeiros inscritos nas turmas da FGC presenciais realizadas em Campinas, duas sessões de NeuroTrainingLab realizadas antes e depois da Formação. Queremos medir o quanto a nossa Formação em Gestão Contemporânea também pode impactar na forma de fazer liderança dos gestores.

Seguimos nossa jornada de co-desenvolvimento organizacional. E ao aprimorar nossos instrumentos de pesquisa e também nossa Formação acreditamos que trazer informações relevantes, também embasadas em nossos próprios estudos, é uma forma de contribuir com informações a todos que buscam ambientes de aprendizagem cada vez mais efetivos dentro do contexto da educação corporativa.

Sobre a autora

Mirian Machado Coden é doutoranda em Educação pela Universidade Internacional Iberoamericana do México, Mestre em Educação pela Universidade Internacional Iberoamericana – EUA. Pós-graduação em Pedagogia Empresarial e Educação Corporativa – Centro Universitário Internacional, Bacharel em Filosofia – UNISUL, com formação em Biologia Cultural pela Matriztica (Chile). É sócia-fundadora da Nortus e possui mais de 20 anos de experiência com o desenvolvimento de uma estrutura genuína para a modificação dos sistemas comportamentais humanos. Atua em assessorias voltadas à soluções para o desenvolvimento de pessoas e organizações, tendo realizado mais de nove mil assessorias pessoais. Orientadora do movimento Neoeducar, que é o programa social da Nortus para as escolas públicas de ensino básico. É responsável pela criação do desenho organizacional OFCIAO – Organização em Fluxo Contínuo de Informações Auto-Organizadoras.

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